Michel Temer virou peça-chave para a sobrevivência política do governo Dilma
Com a grave crise política, a presidente tem apenas ele como representante do PMDB.Com a tese de impeachment e a expectativa de poder, o vice-presidente conseguiu resgatar prestígio no próprio partido e abriu diálogo com a oposição.
Ao enfrentar a mais grave crise de seu Governo, a presidente Dilma Rousseff resgata o prestígio do vice Michel Temer junto ao PMDB. Dos caciques do partido que estão nos mais importantes cargos institucionais na República, Temer é o único que está absolutamente livre da operação Lava-jato. Além disso, a expectativa de poder reforça seu potencial de agregar forças políticas.
Na última semana, depois que a oposição retomou o discurso de que Dilma não conseguirá ficar no cargo até 2018, Temer passou a ser apontado como o fiel da balança para o futuro do governo. Ele ganhou mais força como articulador político do Planalto, agiu como bombeiro e veio a público dizer que a presidente não cai.
Mas o vice-presidente também deixou claro que não vai comprar as bandeiras do PT e muito menos endossar a tese de Dilma de que os defensores do impeachment são golpistas. Ao contrário, ele age para trazer pra junto de si forças da oposição.
Michel, como é chamado pelos mais próximos, tem sido procurado por representantes da oposição. Já recebeu o presidente do PPS, deputado Roberto Freire. Conversou com o senador tucano José Serra, que pode encontrar no PMDB espaço para mais uma corrida presidencial. Mas não está no radar nenhuma conversa com o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves. Porque isso soaria uma conspiração contra o Governo.
O presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o ex-ministro Moreira Franco, ressalta que o PMDB não trai.
Compartilhando o mesmo sentimento, Temer, que é um jurista, não vai se manifestar sobre impeachment sem que haja uma decisão judicial. Nas conversas internas, quando o tema é levantado, opta pelo silêncio e ouve.
Essa, inclusive, é uma das principais características dele. O que faz com que Michel Temer presida o PMDB há 14 anos, apesar de não ter influência política em todas as correntes da sigla e, até ter dificuldade no relacionamento com a bancada do Senado.
Um lord, como é chamado pelos pares. Jamais perde as estribeiras. Quando se altera é com firmeza e não com gritos, afirmam os mais próximos.
Além disso, o deputado do PMDB Lúcio Vieira Lima ressalta: ele cumpre a palavra.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que tem pregado que o PMDB se afaste cada vez mais do PT, observa, porém, que Temer não tem força sozinho.
No primeiro mandato de Dilma Rousseff, o poder de Temer estava esvaziado junto às bancadas da Câmara e do Senado. Com a crise da gestão petista, nunca se falou tanto no vice-presidente da República. Que, aliás, está acostumado a ver seu nome seguido do título de presidente. Por três vezes presidiu a Câmara dos Deputados. No partido, deve ser reconduzido mais uma vez à presidência no ano que vem.
Via CBN
Por Roseann Kennedy e Basília Rodrigues